domingo, 14 de novembro de 2010

A LENDA DA MANDIOCA


Numa tribo certa vez
Ocorreu a gravidez
Da filha de um cacique
Sendo ela não casada
De pronto, é interpelada
Para que ao pai se explique

"Com ninguém tive contato
Nunca pratiquei o ato"
Insistia a indiazinha
Pro seu pai era maldita
Pois nela não acredita
Que sina a da pobrezinha

Um sonho o chefe tem
Uma voz a ele vem:
"Na filha creia, meu caro"
Transcorrida a gestação
É menina, que emoção
O bebê branquinho, claro

O espanto foi geral
Porque era especial
De cor incomum ali
Pr'aquele bebê nascido
Um nome foi escolhido
Batizaram de Mani

Já era muita surpresa
A pele alva, pureza
Que a neném apresentava
Não bastasse, já sabia
Caminhar, quando nascia
Ademais, também falava

Ainda com tenra idade
Ano e pouco, que maldade
Aquela pobre inocente
Sem doença, sem razão
Prostrou-se naquele chão
E dormiu eternamente

Uma morte fulminante
Sem aviso, num instante
Para aldeia grande abalo
Na própria oca enterrada
Seu sepulcro a mãe amada
Todo dia ia regá-lo

Algum tempo se passou
No dito lugar brotou
Vegetal desconhecido
Aquela terra escavaram
Contudo não encontraram
O corpo do ser querido

De novo, a tribo se espanta
Raízes grossas da planta
Naquele solo surgiram
Por fora casca marrom
Miolo de branco tom
Assustados, ele viram

Cozinharam as raízes
E, provando, bem felizes
Bradaram: "isso é presente
Por Tupã foi enviado
Merece ser celebrado
Pois mata a fome da gente"

A homenagem foi feita
A menininha a eleita
Sua memória se enfoca
Na oca a raiz nasceu
Dessa forma recebeu
Este nome: "Manioca"



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