quinta-feira, 11 de novembro de 2010

MOSSORÓ, A CIDADE QUE BOTOU LAMPIÃO PRA CORRER

O ano era vinte e sete
Mossoró presenciava
A partida que promete
Um clássico se jogava
Ipiranga e Humaitá
Embate melhor não há
No citado município
Véspera de Santo Antônio
Mas um fato bem medonho
Tinha ali o seu princípio

Era festa na cidade
Um baile acontecia
Fervia a sociedade
Quando, então, se anuncia
Que o famoso cangaceiro
Desse solo brasileiro
Preparava a invasão
Mossoró foi avisada
Que seria atacada
Pelo dito Lampião

O prefeito alertara
Acerca de tal castigo
Mas ninguém acreditara
Que real era o perigo
Já estava a caminho
Aquele bando todinho
Com seu líder Virgulino
Sem fazer menor ideia
Começava a epopeia
Do valente nordestino

Esse Rodolfo Fernandes
Governante do local
Destemor e fibra grandes
Continha no cabedal
Procurava lutadores
Pra conter os invasores
Nisso não teve sucesso
Faltava-lhe combatente
Conseguiu armas, somente
Pra enfrentar esse processo

Armou a população
Com o que lhe foi doado
Fez a determinação
Pra quem tava desarmado
Que fosse pra outra praça
Assim, fácil se rechaça
A turma de bandoleiros
Se formava desse jeito
Pelo coronel-prefeito
Contingente de guerreiros

Para não fazer pilhagem
Mandou o Rei do Cangaço
Pra Rodolfo a mensagem
Como quem diz: "ameaço"
No bilhete - um insulto
Pedia enorme vulto
De dinheiro para o bando
Para não fazer estrago
Pouparia, caso pago
A cidade, nem entrando

Recado não atendido
"Capitão" outro encaminha
Já bastante enfurecido
Redige nova cartinha
O pedido reitera
Contudo, em vão espera
Assim veio a resposta
Se o dinheiro desejasse
Invadisse e lá buscasse
Peitaram sua proposta

Já era dia do Santo
Chamado casamenteiro
Chegava naquele canto
O temido cangaceiro
Teve início a resistência
Contra aquela violência
Que era bem conhecida
Quando Lampião investe
Eis que a Capital do Oeste
Com vigor é defendida

Pra todo lado foi bala
Na batalha ali travada
Arrepia até narrá-la
Pela luta demonstrada
Denodo dos habitantes
Nos históricos instantes
Reagiram bravamente
Os "cabras" não esperavam
Mas os homens revidavam
Foi um marco, certamente

Desse sangrento combate
Foi assim o resultado
Não aconteceu empate
Lampião foi derrotado
Por ali levou cacete
Perdeu, finado, o Colchete
Outro ficou de refém
A trupe saiu mais fraca
Pois prenderam Jararaca
Que depois morreu também

Como foi mal sucedida
A tentativa de saque
Visto que foi respondida
Igualmente com ataque
Fugir foi a solução
Achada por Lampião
Pra não ser mais humilhado
Com seus cabras sem demora
Cabisbaixo, foi embora
Pelo revés afetado

O mito caiu por terra
Já não era invencível
Na Terra do Sal se ferra
Acontecimento incrível
Para sempre na memória
Um registro na história
Lorota não é, nem pense
A galera do barulho
Pra correr, com muito orgulho
Botou o mossoroense

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