Januário Garcia Leal era
Fazendeiro tranquilo e bem pacato
Viu mudar seu destino de repente
Em razão dum cruel e triste fato
João Garcia Leal, o seu irmão
Padeceu num medonho assassinato
Sete homens covardes, em vil ato
Numa árvore ataram o sujeito
Toda pele do corpo retiraram
Januário, ao saber do que foi feito
Quis vingar a barbárie contra João
Planejou dar o troco do seu jeito
Na colônia, a justiça e o direito
Sendo omissos diante da maldade
Acabaram deixando os assassinos
Sem prisão... Revoltante a liberdade
Januário, por isso, corre atrás
De remédio pra tanta impunidade
Os autores de tal barbaridade
São caçados por dito vingador
Com Mateus, o seu tio, ele se junta
Inda chama um irmão, o Salvador
A sentença de morte é decretada
Tem início a história de terror
Decidiu-se que cada matador
Deveria pagar c'a própria vida
Só assim a missão dos justiceiros
Estaria acabada, bem cumprida
Um detalhe merece ser citado
Na tarefa sinistra concebida
Uma vez cada morte concluída
As orelhas dos mortos são cortadas
Num macabro cordão, estranho um tanto
Todas elas lograram ser juntadas
Completado o cordão das sete orelhas
Qual troféu, com prazer, foram mostradas
Vingadores deixaram alarmadas
As pessoas que estavam no poder
Inclusive os agentes da Coroa
Januário caçaram pra valer
Satisfeito, porém, só ficaria
Terminando o que tinha pra fazer
Sossegou, finalmente, ao perceber
No cordão, a orelha derradeira
Escreveu sua saga em tinta forte
Nos registros da pátria brasileira
Foi pior - muitos dizem - que Silvino,
Lampião Virgulino e Cabeleira
Essa história sangrenta e verdadeira
Teve palco no solo das Gerais
Fez tremer na então capitania
Estruturas até policiais
Januário enfrentou com o seu bando
Aparatos da corte, oficiais
Tenebroso o relato é por demais
Dessa forma se deu a ocorrência
Resumindo, falei do "Sete Orelhas"
Trajetória de dor e violência
Outra vez, meus amigos, agradeço
A leitura, atenção e paciência
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