quarta-feira, 4 de maio de 2011

HOMENAGEM AO DIA DAS MÃES (EM QUADRÃO)

Seu dia já se aproxima
Assim, preparei a rima
Para colocar pra cima
Fazer uma exaltação
Carregada de emoção
A esse sublime ser
A mãe me fez escrever
Homenagem em quadrão

Zelo é marca registrada
Dessa guerreira citada
Mulher muito denodada
Não refuga n'aflição
Com grande satisfação
Abraço brava figura
Oh, mãe, doce criatura
Pra você faço um quadrão

Pra ninguém isso é segredo
É presente desde cedo
É firme como um rochedo
Dá carinho, educação
Extrema dedicação
Demonstra perenemente
Portanto, canto contente
A forte mãe em quadrão

Ela dá colo, acalanto
Amparo quando houver pranto
Toda hora, em todo canto
Estende, feliz, a mão
Esforços não mede, não
Pra dar aos filhos suporte
Cuidar bem é seu esporte
É merecido o quadrão

À avó, irmã ou tia
E outras mães no dia-a-dia
Meu louvor em poesia
Minha congratulação
Têm a legitimação
Pra ganhar neste momento
O singelo cumprimento
Feito em forma de quadrão

Nessa mina de bondade
Se o assunto é qualidade
Há, decerto, infinidade
Uma extensa relação
De sangue, de coração
Mãe é mãe de qualquer jeito
Finalizo aqui o preito
Parabéns, mãe, em quadrão!

O RITUAL DA TUCANDEIRA

Vou pedir sua licença
Pra falar do ritual
Dum ambiente tribal
Na Amazônia Brasileira
Povo Sateré-Mawé
Aqui referenciado
Usa no fato abordado
A formiga tucandeira
Esse evento tem por fim
Fazer iniciação
Do garoto em formação
No universo masculino
O rapazinho, portanto
Deve passar pela prova
Pra ingressar em fase nova
Como homem, não menino
Tais insetos são bem grandes
Seu ataque é doloroso
Há de ser bem corajoso
O curumim em questão
Esse ritual consiste
Em levar várias picadas
Das formigas mencionadas
Sem fazer reclamação
Os jovens levantam cedo
E têm os braços pintados
Em seguidas são riscados
Pela própria mãe na tez
Usando um dente de paca
Ela risca até sangrar
É tradição no lugar
Eu asseguro a vocês
Pros guris porem a mão
Uma luva é construída
Ela com palha é tecida
Por tios maternos, padrinhos
No dia da cerimônia
De formigas recheado
Esse acessório é usado
Pelos vários indiozinhos
Na manhã do grande dia
As formigas da tortura
São postas numa tintura
De folhas de cajueiro
É um tipo de anestésico
Então, meio adormecidas
Elas são distribuídas
Em tal luva por inteiro
Quando o ritual começa
No embalo duma dança
Aquela outrora criança
Sente a dor descomunal
Assim é a transição
Pra outra etapa da vida
Cuja intenção perseguida
É ser guerreiro, afinal

A GUERRA DA BARBA

Navegando pela história
Pincei pitoresca guerra
Entre França e Inglaterra
Nos anos de mil e cem
Desperta mesmo atenção
O motivo do conflito
Curioso e esquisito
Vocês vão achar também

O rei francês Luiz Sétimo
Era com Eleanor casado
A ela um dote foi dado:
Terras de grande extensão
Tal monarca conservava
Uma barba bem comprida
Pela qual sua querida
Nutria grande afeição

Das cruzadas retornando
O rei deixa limpo o rosto
Provocando, assim, desgosto
De sua mulher amada
Desaprova a cara lisa
Essa mencionada dama
Do rei bastante reclama
Devido à barba raspada

Ela insiste com o rei
Pra deixar crescer o pêlo
Ele não ouve o apelo
Causa dissabor profundo
Descontente, tal senhora
De Luiz se divorcia
Casando depois, um dia
C'o rei Henrique Segundo

Das terras dadas por dote
Eleanor fez exigência
Encontrando a resistência
De seu antigo marido
Ele tinha se apossado
Daqueles mimos do sogro
Não esperava o malogro
Do casório contraído

Luiz, já contrariado
Com mencionado casal
Não cede ao grande rival
Declara guerra ao inglês
A Guerra da Barba, então
Seu começo teve ali
Foi desse jeito que li
Na rede, creiam vocês

SALMO 30

Contigo, meu Pai, não falto
Orgulhoso, a ti exalto
Pois me exaltaste também
Tolhendo meus inimigos
De me infligirem castigos
Lutaste pelo meu bem

O meu clamor foi ouvido
Quando me viste ferido
Saraste, deste-me cura
Não me deixaste cair
Fizeste, Senhor, subir
Minh'alma da sepultura

És, Senhor, bendito Santo
Fazes jus a lindo canto
Em tua sacra memória
És, de fato, o Deus da vida
Promoves sempre acolhida
Tua ira é transitória

Poderá durar o pranto
A noite inteira, se tanto
Contudo, ao nascer do dia
Com os raios d'alvorada
Será, decerto, notada
A vinda dum'alegria

Na minha prosperidade
Digo com propriedade:
"Eu nunca vacilarei"
Seguindo, feliz, os trilhos
Que deseja pros seus filhos
O grande e Divino Rei

A graça dos céus me banha
Oh, Senhor minha montanha
Transformaste em fortaleza
Se Tua face se oculta
A perturbação se avulta
Em mim, com toda certeza

Supliquei, clamei choroso
Ao Criador Poderoso
Pela vida intercessão
Porque se na cova deito
Meu sangue e pó, sem proveito
Louvar não mais poderão

És jazida de bondade
Eu imploro piedade
Tua santa providência
Confio nesse cuidado
Espero ser ajudado
Sei que tens onipotência

A verdade toda é esta:
Tornaste meu choro festa
Não me deixaste ser triste
Escutaste a minha voz
Desataste, Pai, meus nós
De alegria me cingiste

Diante de tanto zelo
À minh'alma faço apelo:
"Não fique jamais silente
Ao querido guardião
Faça sempre louvação
De maneira contundente"

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Adaptação do salmo bíblico

O SAPO E A ROSA

Era uma vez uma rosa
Uma flor demais formosa
A mais linda do jardim
Por isso se envaidecia
Muito contente, dizia:
"Todo mundo olha pra mim"

Começando a perceber
Que quem ia ali lhe ver
Ficava sempre distante
Indaga a si, pensativa:
"O que será que motiva
A conduta do passante?"

Deu-se conta certo dia
Era sua companhia
Que afastava a visita
C'o sapo grande ao seu lado
O povo muito assustado
Chegar perto dela evita

Ela nem alonga o papo
Chateada, diz pro sapo:
"Tu terás que ir embora"
O anfíbio entristecido
Humilde, acata o pedido:
"Neste instante, dou o fora"

Há tempos sem ver a flor
O bichinho saltador
Passando pelo local
Vê murcha a pobre coitada
Sem folhas, despetalada
Sem o brilho habitual

"O que aconteceu aqui
Estou com pena de ti
Por que estás assim, amiga?"
"Desde que daqui saíste
A vida tem sido triste
São ataques de formiga"

"Me comeram por inteiro
Foi-se a cor, a luz, o cheiro
Não serei mais como antes
Sou pura desolação
Não chamo mais atenção
De nenhum dos visitantes"

Fala o sapo, seu amigo:
"Quando eu vivia contigo
Devorava todas elas
Tu não foste molestada
Por isso eras destacada
A mais bela dentre as belas"

Eis uma grande lição
Na presente narração:
'Ninguém é superior'
Seja assombroso ou bonito
Está nessa estória dito:
'Cada qual tem seu valor'

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Adaptação de texto recebido por e-mail

O MESTRE E O ESCORPIÃO

Certo mestre do oriente
Andava tranquilamente
Na beira dum riachão
Por ali acabou vendo
Nas águas se debatendo
Um pequeno escorpião

Querendo prestar ajuda
Ele sente dor aguda
Ao pegar dito animal
Notando que foi picado
Solta, de pronto, o danado
Que cai no mesmo local

Após outra tentativa
A criatura é nociva
Fere o mestre novamente
Alguém diz: "que teimosia
Mestre, gosta de agonia?
É bravio, não mais tente..."

Fala o mestre: "com certeza
É da sua natureza
Picar alguém que lhe encosta
É da natureza minha
Ajudar, camaradinha
Não se muda essa proposta"

Então, ele pega um galho
Pra completar seu trabalho
Pondo o bicho em segurança
Em terra firme coloca
Seu prazer isso provoca
Continua a sua andança

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Adaptação de parábola

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A TEIA DE ARANHA

Um homem sofria horrores
Correndo de malfeitores
Por quem era perseguido
Se, quiçá, fosse alcançado
Tombaria assasinado
Portanto, viu-se perdido


Achando uma trilha estreita
O camarada aproveita
De sua estrada desvia
Entra logo na floresta
O desespero lhe infesta
Numa prece se alivia


Naquele estado cruel
Pede dois anjos do céu
Pra fecharem dita trilha
Daquele modo imagina
Modifica sua sina
Dos outros se desvencilha


C'os caras mais e mais perto
O homem vê, boquiaberto
Uma aranha bem pequena
Tecendo ali sua teia
Com medo, ele se aperreia
Por causa daquela cena


Com Deus fala novamente:
"Oh, meu Pai, Onipresente
Dois anjos foi meu pedido
Estou passando um apuro
Coloques ali um muro
Não me deixes ser vencido"


Muro não foi colocado
Ele contempla, assustado
Simplesmente aquela aranha
Na entrada de tal atalho
Continuando o trabalho
Seus fios tece, emaranha


Naquela trilha chegando
Um dos malfeitores diz:
"Vamos logo aqui entrando
Busquemos esse infeliz"
Outro discorda, dizendo:
"Amigo, não está vendo
Uma teia à nossa frente?!
Ninguém deve ter entrado
Nesse caminho indicado
Adiante, minha gente..."

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Adaptação de parábola

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

SUL-AMERICANO SUB-20: PARABÉNS, GAROTOS!

Nossa brava seleção
Mostra a nova geração
Brilhando no continente
Após a linda campanha
O troféu buscado ganha
Alegria invade a gente


Na peleja inaugural
Quatro a dois sensacional
Contra o time guarani
Na Colômbia três a um
Que competência incomum
Amigos, confesso, vi


C'o time boliviano
Empate fora do plano
Um a um foi um tropeço
Um a zero no Equador
Do Grupo B foi senhor
Esse Brasil que conheço


Começa a fase final
Na forma de hexagonal
Estreia com goleada
Foi cinco a um nos chilenos
Eles não fazem por menos
Talentosa garotada


Na Colômbia, dois a zero
Não faltou a nós esmero
Foi demonstrada firmeza
Pegamos a Argentina
Perdemos, que dura sina
Dois a um, veio a tristeza


Equador, nova vitória
Nossa linda trajetória
Era escrita com talento
Um a zero no placar
A seleção de Neymar
Produziu encantamento


A surpresa reservada
Pra derradeira rodada
Fez vibrar nossa torcida
Seis a zero na Celeste
Mais um triunfo inconteste
A conquista é merecida


Uma olimpíada de novo
Disputaremos, meu povo
O melhor lhes falo agora
Em terceiro, verte o choro
E nós vibramos, em coro
Os hermanos ficam fora

PAI NOSSO

Oh, Pai nosso muito amado
Que nos céus tem habitado
Teu nome santificamos
Que teu reino venha a nós
Em coro, numa só voz
De coração suplicamos


Oh, Suprema Divindade
Seja feita tua vontade
Tanto no céu quanto aqui
Nosso pão de cada dia
Nos dai hoje, grande Guia
Necessitamos de Ti


Das ofensas ao irmão
De Ti pedimos perdão
Nós perdoamos também
Totalmente os ofensores
Que nos causam dissabores
Pois perseguimos o bem


Se tentação existir
Não nos deixes, Deus, cair
Teu poder é colossal
Eis nosso requerimento:
Concedas o livramento
Afastes de nós o mal



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Adaptação da conhecida oração

A GRANDEZA DO AMOR

Em mensagem aos Coríntios
Paulo fala em certa altura
Do sentimento que cura:
O sublime e lindo amor
Está na primeira carta
Vale dar uma espiada
Aqui trago adaptada
Em versos, caro leitor


Diz ele: "mesmo falando
Dos anjos, homens a língua
Ficaria sempre à míngua
Não tivesse amor em mim
Alguém deveras vazio
Porquanto seria igual
Aos sinos ou ao metal
Que tinem... Seria, sim


Ainda que possuísse
O profético talento
Tivesse conhecimento
Dos mistérios, da ciência
Se fé pra transpor os montes
Encerrasse aqui no peito
Seria um nada, imperfeito
Faltando amor na essência


Acaso distribuísse
Aos pobres minha riqueza
O meu corpo à pira acesa
Desse para ser queimado
Sem amor no coração
Nada me aproveitaria
A vida só tem valia
S'ele tiver instalado


O amor é sofredor
Uma chama benfazeja
Não contém em si inveja
Tampouco leviandade
Amor não é indecente
Seus interesses não busca
Toda irritação ofusca
E não cultiva maldade


Sendo amor puro, portanto
Cada injustiça rechaça
Porém, a verdade abraça
Tudo espera, crê, suporta
O amor nunca esmorece
Profecias aniquila
Cessa línguas, não vacila
Faz ciência coisa morta


Só conhecemos em parte
Em parte se profetiza
Teremos real baliza
Ao chegar a perfeição
Pois quando isso ocorrer
Da parte sem serventia
Considerada outro dia
É feita aniquilação


Nos meus tempos de menino
Como tal me comportava
Sentia e também falava
Apenas como criança
Chegando à idade adulta
Dessas coisas me desfiz
Pois já não sendo petiz
Pr'outro rumo a vida avança


Agora podemos ver
Contudo, sem nitidez
Como enigma talvez
Um retrato distorcido
Mas veremos face a face
Em plenitude, a verdade
Explorando a novidade
Do belo desconhecido


Dessa forma, meus irmãos
Permanece a esperança
Junto à fé, à confiança
E o amor, saibam de cor
Sejam também sabedores:
Desses pilares tão fortes
Que são pra jornada nortes
Amor é mesmo o maior"


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Baseado em 1 Coríntios 13

SALMO 4

Deus da justiça te rogo
Meu clamor respondas logo
Largueza podes me dar
A misericórdia infinda
É preciosa, bem-vinda
Atentes quando eu orar


Querem perverter-me a glória
Manchar minha trajetória
Com infâmias descabidas
Os que amam inverdades
Mui repletos de vaidades
Têm o mal em suas vidas


Deverão ficar cientes
As línguas maledicentes:
O Senhor tem separado
Para si o piedoso
Meu Deus é atencioso
Seus filhos tem escutado


Irai-vos, pois, não pequeis
Estão nas Divinas Leis
As regras dessa jornada
O coração consultai
Dirigi a mente ao Pai
De maneira dedicada


Oferecei sacrifícios
Perante grandes suplícios
Confiai Nele bastante
Seu amparo nunca falha
Pelos seus servos trabalha
Não dorme em nenhum instante


Oh, Senhor, mostras o bem!
Jamais ages com desdém
Se buscamos Teu amparo
Derrames em cada filho
Teu puro e sagrado brilho
Transformando em mel o amaro


Tu iluminas meu dia
Se contigo em sintonia
Minh'alma ri, satisfeita
Estou deveras contente
Talvez mais que muita gente
Em período de colheita


Em paz me deito, adormeço
Porque sei que não pereço
Sob o Teu pleno cuidado
Em Teus braços, oh, Bendito
Com segurança eu habito
Tranquilo, despreocupado

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Adaptação do salmo bíblico

A LENDA DA COBRA HONORATO

O folclore regional
Tem muita coisa legal
Como a lenda que relato
N'Amazônia é conhecida
Essa estória referida
Falo da Cobra Honorato


Vejam só que interessante
A índia ficou gestante
Da Cobra Grande, a Boiúna
Esperou por um neném
São cobras gêmeas, porém
No parto sua fortuna


Os dois se batizaria
Como Honorato e Maria
Sendo esta a Caninana
Dentro dum rio atirados
Como cobras são criados
Ele bom, ela sacana


Ela, de mau coração
Irritava seu irmão
Com suas perversidades
Honorato, sem saída
Um dia, tirou-lhe a vida
Colocou fim às maldades


Quando a escuridão caía
Honorato assumiria
A forma dum rapaz belo
Não sendo, pois, animal
Levava vida normal
Ficar assim era anelo


Padecia dum encanto
Era preciso, portanto
Um bravo se apresentar
Pra pôr leite na bocarra
Daquela cobra bizarra
E sua cabeça sangrar


Ninguém topava a parada
Mas logrou ser libertada
A criatura em questão
Soldado de Cametá
Município do Pará
Encarou dita missão


O encanto foi desfeito
Alegria no sujeito
Se via com nitidez
Foi viver qual ser humano
Todo seu cotidiano
Das águas saiu de vez

ESSE GOSTAVA DA SOGRA

Pra saber da sogra enferma
O cara vai no hospital
Na volta, chega a esposa:
"E aí? Mamãe tá mal?"
E ele: "pelo contrário"
Já vai ter alta, afinal"


"Com saúde colossal
Terá vivência estendida
Depois vem morar aqui
Pelo restante da vida
Está muito firme, forte
Eu asseguro, querida"


Uma alegria incontida
Aquela mulher inunda
Contudo, ela muito estranha
Uma dúvida a circunda:
"Ontem mesmo estive lá
E vi mamãe moribunda"


Demonstrando dor profunda
O sujeito diz assim:
"Ontem, de fato, não sei
Se ela estava ruim
Mas hoje disse o doutor:
'Meu estimado senhor
Esteja bem preparado
Eu tenho que lhe dizer
O pior vai ocorrer
Sinto muito, meu prezado' "

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Adaptação de piada

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

UM ANIVERSÁRIO, UM DIVÓRCIO, UMA DEMISSÃO...

Doravante vou narrar
A saga desse sujeito
Um brilhante industrial
Pra ninguém botar defeito
O mencionado empresário
Celebrava aniversário
Seu dia foi desse jeito

Nem um cumprimento feito
Pelos seus entes queridos
Dos filhos, esposa ou mãe
Parabéns não são ouvidos
Nenhum presente ou cartão
Ou singela ligação
São a ele dirigidos

Homem dos mais deprimidos
Foi, tristonho, pra labuta
Ao chegar, da secretária
Ele, finalmente, escuta:
"Parabéns, chefe estimado"
E por ser felicitado
O seu semblante transmuta

Sua secretária astuta
No horário do almoço
Faz a seguinte proposta:
"Almocemos juntos, moço"
"Hoje é data especial
Escolhamos o local"
Ele diz, em alvoroço

A mulher era um colosso
Detinha beleza rara
Fez, decerto, acelerarem
Os batimentos do cara
Almoçam alegremente
Porém, ela não contente
Outra sugestão dispara

Atiçando a sua tara
Ela, faceira, convida:
"Vamos lá pra minha casa
Tomar alguma bebida
Poderemos relaxar
Essa tarde aproveitar
Pra data não ser perdida"

Ele vai, feliz da vida
Com sacanagem na mente
Chegando na casa, enfim
Ela diz suavemente:
"Aguarde, chefe adorável
Vou pôr algo confortável
E volto rapidamente"

Do quarto vêm, de repente
Com bolo e refrigerante
Seus filhos, mãe e mulher
E a funcionária importante
"Parabéns!" falam em coro
Contudo, faltou decoro
Desse aniversariante

Eis a cena hilariante:
O cara estava pelado
Só de meias no sofá
Deitadão, esparramado
Daquela 'celebração'
Divórcio e demissão
Foram, claro, o resultado

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Adaptação de piada

A MAIS BELA FLOR

Lá na China imperial
Num passado já distante
Existiu um jovem príncipe
À coroa postulante
Pelas normas do lugar
Deveria se casar
Pra no trono ter assento
Dessa regra sabedor
O futuro imperador
Agiliza o casamento

Formulou uma disputa
Entre suas pretendentes
Disse que receberia
Numa festa as concorrentes
Uma antiga serviçal
Sabendo, sentiu-se mal
Seu olhar fica tristonho
Pois sua filha, mocinha
Um sentir forte mantinha
O rapaz era seu sonho

Ao contar a novidade
Pr'aquela jovem garota
Qual não foi sua surpresa
Quando ela disse, marota:
"Se assim faz o meu bem
Pra lá eu irei também
Participar do evento"
Sua mãe, sem crer, retruca:
"Menina, ficou maluca?!
Só vão belas, tenha tento!"

A filha logo responde:
"Mamãe, eu estou ciente
Ele não vai me escolher
Porque será exigente
Caso o 'prêmio' não alcance
Ao menos terei a chance
De ficar alguns momentos
Com aquele homem lindo
O qual não vejo saindo
Dos meus doces pensamentos"

Na hora marcada estão
Moças belas, bem vestidas
Ornadas com muitas joias
E todas bem instruídas
Aquela humilde menina
Mesmo assim se determina
Integra a competição
O desafio citado
Pelo príncipe é lançado:
"Escutem com atenção"

"Tenho aqui várias sementes
Dou uma pra cada qual
Aquela que me trouxer
Num período semestral
A mais bela flor, eu caso
Deve ser cumprido o prazo
São seis meses e mais nada"
Finalizando, ele diz:
"Será minha imperatriz
A vencedora esmerada"

Os dias foram passando
Aquela garota meiga
Cuidava da sementinha
Mesmo em jardinagem leiga
Foi zelosa e dedicada
Mas não se viu germinada
Uma plantinha sequer
O tempo dado se esgota
O vaso nos braços bota
E sai a jovem mulher

Em conversa com a mãe
Ela diz: "tive carinho
Tentei cumprir a tarefa
Vou seguir o meu caminho
Não venci o desafio
E levo o vaso vazio
Embora não triunfante
Não terei como marido
Mas fico com meu querido
Por apenas um instante"

Ela chega e vê as outras
Todas com formosas flores
E fica maravilhada
Com aqueles esplendores
Após exame apurado
Surpreende o resultado
Que o príncipe anuncia
Não venceu a flor mais bela
A eleita foi aquela
Que nenhuma flor trazia

O espanto foi geral
E veio a explicação:
"Eram, na verdade, estéreis
As sementes em questão
Por isso minha escolhida
Não foi pela flor trazida
Tampouco por ser beldade
Quem, feliz, eu seleciono
Para ocupar esse trono
Tem a flor da honestidade"


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Adaptação de conto chinês

MARTELO AGALOPADO, UM LINDO ESTILO

O cordel é vertente da cultura
Aprazível demais, não se contesta
Nossa rede global, de fato, infesta
Adesões cada vez mais assegura
Com viés popular se configura
No Brasil, tem origem nordestina
Mas em outros locais grassa, fascina
Em distintos estados tem autores
Semeando seus versos, lindas flores
Pelas ruas, na praça, em muita esquina

Pode ser cada linha em redondilha
Pra fazer um cordel rapidamente
Sendo usadas seis linhas tão-somente
Essa estrofe é chamada de sextilha
Sete versos nós temos a setilha
Uma oitava? Tem oito é a resposta
Tendo dez uma décima é composta
Da quintilha e da quadra é pouco o uso
Desse jeito, leitores, introduzo
Apresento as comuns da forma posta

Noutro texto abordei como é medido
Todo verso integrante dum poema
A contagem silábica é problema
Não é raro um poeta confundido
Sobretudo no verso mais comprido
Um martelo, um galope ou similar
É preciso saber metrificar
Pôr cadência, rimar com simetria
Para ser resultante a melodia
É gostoso, quem lê vai adorar

Eu confesso encontrar dificuldade
Pra compor nas dez sílabas poéticas
Justamente devido às tais estéticas
Faço em sete por ter tranquilidade
Percebendo, porém, necessidade
Compartilho das regras aprendidas
Não podia deixá-las escondidas
Porque têm para todos importância
Essas dicas de extrema relevância
Devem ser todo tempo difundidas

Pra escrever em Martelo Agalopado
Não se pode fazer de qualquer forma
Necessário é cumprir a sua norma
Para o som não sair atravessado
Em primeiro lugar, tenham cuidado
Nas dez sílabas ponham a cadência
Na terceira e na sexta é exigência:
Deve haver, amigões, tonicidade
Muitas vezes, não há facilidade
Entretanto, há respeito a sua essência

No tocante ao esquema é usual
Os dez versos conforme aqui mostrados
O segundo e terceiro bem rimados
Quarto, quinto e primeiro: rima igual
Rima oitavo com nono, pessoal
Rimam sexto, seguinte e derradeiro
Ademais, assevera seu parceiro
Há estrofes mais curtas em martelo
Por exemplo, em seis versos fica belo
Esse estilo adorável por inteiro

Nessas letras não passo de aprendiz
Não pretendo dar uma de sabido
Vira e mexe me vejo, sim, perdido
Corro atrás das lições sempre feliz
Acreditem, meus caros, eu só quis
Ajudar porventura algum poeta
Ser melhor com certeza não é meta
Com vocês, eu estou no mesmo barco
Se for útil pr'alguém meu saber parco
Alegria no peito se completa