quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A CHEGADA DO DEPUTADO NO CÉU

Ao morrer o deputado
Foi feita sua cremação
E depois disso enterrado
Para não ter chance, não
De voltar à atividade
Não ter possibilidade
De uma ressurreição

Após desencarnação
A alma seguiu estrada
Procurou a purgação
Por cá não ficou penada
Às portas do céu bateu
E Pedro logo atendeu
A conversa foi começada

"Salvação é desejada
Porém o consentimento
Pra que se dê sua entrada
Amigo, neste momento
Deverá ser precedido
D'um exame requerido
Sobre seu comportamento"

"Assim é o regramento
Se o desejo é ingressar
Não basta o argumento
É preciso analisar
Esta folha que seguro
Que contém com muito apuro
Sua vida, parlamentar"

"Então, vamos começar
O meu tempo é precioso
Não posso mais demorar
E sei que está curioso
A campanha eleitoral
É o marco inicial
Você foi muito ardiloso"

"Pra todos era bondoso
Dando presente, dinheiro
Pois seu voto valoroso
Precisava ter ligeiro
Mas depois da eleição
Ignorava o povão
Seu bolso vinha primeiro"

"Na posse, todo faceiro
Deu discurso eloquente
Prometeu o mundo inteiro
E foi até comovente
Era só demagogia
Você se revelaria
Figura incompetente"

"Empregou muito parente
Nessa Casa do Congresso
Declarou-se inocente
Ao responder o processo
Mesmo levando a família
Pra morar toda em Brasília
Jamais foi um réu confesso"

"O Brasil em retrocesso
Não era prioridade
Pois só o próprio sucesso
Queria ter, na verdade
Nepotismo, mensalão
E o Erário da Nação
Sangrado sem piedade"

"Demonstrou leviandade
Não foi um cara direito
Irresponsabilidade
Com o orçamento, sujeito
Deu sumiço, fez desvio
Propôs ponte sem ter rio
Hospital sem nenhum leito"

"Eu já estou satisfeito
Do exposto, então decido
Aqui não será aceito
Um tempo vai ser cumprido
No purgatório, meu nobre
Se de bom algo inda sobre
Talvez seja admitido"

Um tanto entristecido
Disse, então, o congressista:
"Recorro do resolvido"
E Pedro em tom pessimista:
"Meu caro amigo de terno
Só encontra no inferno
Para isso algum jurista!!!"

Nenhum comentário:

Postar um comentário