terça-feira, 28 de dezembro de 2010

SANSÃO E DALILA

Os filhos de Israel
Por comportamentos seus
Perante os olhos de Deus
Eram maus seres humanos
Aos filisteus são entregues
Em razão dos desagrados
Para serem dominados
Por longos quarenta anos

Havia naqueles tempos
Um sujeito de Zorá
O seu nome: Manoá
Da tribo de Dã saído
Sua esposa era estéril
Isso muito lhe afligia
Porquanto não poderia
Um filho ter concebido

Um anjo diz a mulher:
"Tu tens esterilidade
Mas te conto a novidade
Tu gerarás um rebento
E, por isso, agora evites
Beber vinho ou coisas fortes
Deus requer que te comportes
Só comas puro alimento"

Prossegue o recado o anjo:
"Ele será consagrado
Não poderá ser cortado
Seu cabelo, desde novo
Terá a nobre incumbência
De promover o início
Da cessação do suplício
Pelo qual passa seu povo"

A mulher corre ao marido
Se mostrando estupefata
A tal mensagem relata
Em detalhes, por inteiro
Manoá, após saber
Fala a Deus em oração
Pedindo outra aparição
Desse anjo mensageiro

No campo, a mulher sozinha
O anjo vem novamente
Saindo apressadamente
Ela busca seu marido
Ele chega e já pergunta:
"Tu vieste noutra vez?"
A confirmação lhe fez
O emissário referido

Manoá lhe diz, então:
"Sejam, portanto, cumpridas
As palavras proferidas
Se são ordens do Senhor"
Continua lhe indagando:
"Como será o viver
Do filho que vai nascer?
Responda-me, por favor"

Assim, o anjo esclarece:
"Tudo que disse a mulher
Deus sorri se ela fizer
Guardando, cumprindo, enfim"
Manoá, feliz, convida:
"Comas conosco, meu caro
Um cabrito já preparo
Não te vás logo de mim"

Diz o anjo, recusando:
"Não comerei do teu pão
Sacrifícios, meu irmão
Dirijas a Deus, portanto"
Manoá faz desse modo
Toma nas mãos o cabrito
E alimentos, num rito
Oferta ao Divino Santo

No altar do sacrifício
Uma grande chama é vista
Vai nela, sem deixar pista
A figura angelical
Diante desse ocorrido
Em terra se vê prostrado
Deveras emocionado
O mencionado casal

Manoá fala à mulher:
"Acho que vamos morrer
Pois não devíamos ver
O rosto do Onipotente"
A mulher discorda dele:
"Se tivesse insatisfeito
ELE não teria aceito
Nossa oferta, certamente"

Passados tais episódios
Nasce a criança esperada
De pronto, foi batizada
Pôs-se o nome de Sansão
Duma forma regular
Pelo Espírito Sagrado
Crescido, foi incitado
Para os campos o varão

Sansão conhece em Timnate
Uma mulher, puro encanto
Seu coração bate tanto
Por aquela filisteia
Ele a quis por sua esposa
Diz aos pais: "Ela é bonita"
Eles: "busque israelita
Essa não é boa ideia"

Com os pais, vai a Timnate
Aquele jovem robusto
Numas vinhas, leva susto
Dum filhote de leão
A providência Divina
Inunda o rapaz de Graça
A fera ele despedaça
Usando somente a mão

Nunca ficaram sabendo
Os pais do dito sujeito
Daquilo que tinha feito
Com a fera mencionada
Sansão vai ver a mulher
Aquela moça formosa
Pra ter com ela uma prosa
E dela muito se agrada

Retorna, após alguns dias
Para tomar a mocinha
Desvia, quando caminha
Para ver o leão morto
Pra sua surpresa, encontra
Abelhas em escarcéu
Do bicho brotava mel
Naquilo fica absorto

Ele come e leva o mel
Oferecendo a seus pais
Que não souberam jamais
Donde era procedente
Depois, oferta um banquete
A sua futura amada
Conduta recomendada
Para todo pretendente

A Sansão vêm trinta homens
Um enigma é sugerido
Um presente é prometido
Pra quem lograsse acertar
Caso eles decifrassem
O prêmio lhes apresenta:
Trinta lençóis, vestimenta
O prazo: as bodas do par

"Se não tiverem resposta
Durante os sete sóis
Mudas de roupas, lençóis
Devem ser presentes meus"
Do enigma Sansão fala:
"Comedor verte comida
Do forte, doçura é tida
Vão pensando, filisteus"

Ninguém ali encontrava
Pro mistério a solução
Foi feita muita pressão
Pra Sansão ser convencido
Chegaram junto à mulher
Dizendo: "você deseja
Que a nossa posse esteja
Com seu futuro marido?"

No decorrer dessas bodas
A mulher chora bastante
Dizendo ser humilhante
Não saber desse segredo
Sansão retruca a seu modo:
"Nem mesmo a meus pais contei
Pra ninguém eu declarei
Acerca disso estou quedo"

A dama lhe importunava
Já era o sétimo dia
E Sansão confidencia
Conta a resposta pra ela
Alcançando seu intento
Logo após ser atendida
A resposta conseguida
A mulher aos seus revela

Vieram, pois, responder
Sobre mel, leão, destarte
Do que ouve faz descarte
Devido ser fraudulento
Diz a eles: "foi trapaça
A mulher lhes deu ajuda
Ninguém há que me iluda
Vocês não têm argumento"

Ficando irado, Sansão
Trinta ascalonitas mata
Suas vestes arrebata
Para dar aos espertinhos
Transtornado, vai-se embora
Procura a casa paterna
A mulher lhe passa a perna
Segue distintos caminhos

Decorreram alguns dias
Era tempo de colheita
Sansão vai ver a eleita
Pelo 'sogro' é impedido
Ele diz: "moço, por ver
Minha filha abandonada
A outro homem foi dada
Hoje tem outro marido"

É proposto que Sansão
Tomasse a irmã mais nova
A ideia ele reprova
E logo em seguida explica:
"Diante dos filisteus
Agora sou inocente
Não fiz mal pra essa gente"
Muito furioso fica

Toma trezentas raposas
E algumas tochas pega
Numa ira quase cega
Cada duas caudas une
No meio põe tocha acesa
Depois solta os animais
Nas vinhas e nos trigais
E seus desafetos pune

Os filisteus perguntaram
"Quem será que foi autor
Desse ato arrasador
Infligindo a nós um drama?"
Responderam desse modo:
"Foi Sansão, israelita
Esse genro do timnita
Por tomarem sua dama"

Sabendo a razão do fato
Deixaram somente em brasa
Daquela família a casa
Matando a moça e o pai
Então, lhes disse Sansão:
"Depois de vingado, cesso"
Ferindo todos, possesso
Pra uma caverna vai

Contra os homens de Judá
Os filisteus se encaminham
Notando que eles vinham
Aqueles buscam saber
O motivo da atitude
A resposta é a seguinte:
"Pela humilhação, acinte
Queremos Sansão prender"

De Judá saem três mil
Para com Sansão falar
E vão logo reclamar:
"Por que tu fizeste assim?
Ouvindo o questionamento
Ele responde, tranquilo:
"Pra me vingar, fiz aquilo
Pois judiaram de mim"

Os homens dizem: "viemos
Para te amarrar, amigo
Cumprirás o teu castigo
Nas mãos dos dominadores"
Fazendo dessa maneira
O cabra de grande porte
Ataram com corda forte
Pra entregar aos vingadores

Os filisteus se aproximam
A sanha lhes alimenta
Sansão a corda arrebenta
Como linha, facilmente
Uma queixada de asno
Ele pega e fere mil
Contra aquela turma hostil
É vencedor novamente

Tomado por grande sede
Faz a Deus a petição:
"Já me deste salvação
Eu rogo neste momento
Não me deixes padecer
Cair na mão do inimigo
Oh, Senhor, meu pai, eu digo
Estou por demais sedento"

Deus atende seu clamor
Faz sair de tal queixada
Água pura abençoada
Que foi por Sansão bebida
Com seu espírito em festa
Bastante revigorado
Nosso herói reanimado
Celebra, feliz da vida

Chegando Sansão em Gaza
Sem demora, foi cercado
Fortemente vigiado
Tinha muito sentinela
Os planos desses gazitas:
Esperar o sol nascer
Matá-lo no amanhecer
Era essa a esparrela

Despertando meia-noite
Sansão, com ferocidade
Na entrada da cidade
Umbreiras, portas arranca
Vai pro alto de um monte
Aquele cara parrudo
Levando nos ombros tudo
Incluindo aí a tranca

Lá no Vale de Soreque
Ele fica apaixonado
Plenamente inebriado
Seu olhar logo cintila
É fisgado pela moça
Quis ser o marido dela
Porquanto formosa, bela
O seu nome era Dalila

Os príncipes filisteus
Pra saber donde provém
A força que Sansão tem
Dizem pra jovem: "convença!
Insista com seu esposo
O seu segredo desvende
Pois nosso povo pretende
Entregar-lhe recompensa"

Cada príncipe promete
Várias moedas de prata
Mil e cem a conta exata
Acaso ela fosse esperta
Porquanto se sabedores
Da origem do vigor
Sansão provaria dor
Após feita a descoberta

Ele responde uma vez
Pra que a mulher se anime:
"Com varas frescas de vime
Eu seria enfraquecido
Caso preso em sete delas
Eu viro um homem normal
Sem a força colossal
Pela qual sou conhecido"

Trouxeram as sete varas
Amarrando o camarada
Notando, pois, a cilada
Ele as quebra como fio
Eis que Dalila reclama:
"Zombaste de mim, amor
A verdade, por favor
Reveles, em ti confio"

Ele diz: "só cordas novas
Segurar-me poderão
Verás minha prostração
Meu corpo debilitado"
Ela arruma as ditas cordas
Amarra Sansão com gosto
Ele as rompe, quando exposto
Sem esforço demonstrado

Enganada novamente
Dalila queixa faria
Ante nova zombaria
Exige dele respostas
E Sansão: "eu fico frágil
É normal que enfraqueça
Se tecidas na cabeça
Tranças em liços dispostas"

Ela tece sete tranças
Prende todas com estaca
A reação não é fraca
Ele arranca estaca e liço
Dalila lamenta, triste:
"O meu sentir é fiel
Tu estás sendo cruel
Cadê o teu compromisso?"

Ela o perturba demais
Usa palavras tocantes
Pra Sansão angustiantes
Ele cede, finalmente
Escancara seu segredo:
"Essa força logo falha
Se me passarem navalha
Na cabeça tão-somente"

Ela os filisteus avisa:
"A jornada está completa
Alcancei a minha meta
Foi cumprida essa missão"
Os príncipes satisfeitos
Levaram todo dinheiro
O futuro prisioneiro
Tinha aberto o coração

Sobre o colo de Dalila
Dormindo feito crianças
Sansão perde suas tranças
Um homem lhe deixa calvo
Suprimida sua força
Pros outros foi fácil presa
Virou figura indefesa
Sem Deus, vulnerável alvo

Arrancaram os seus olhos
Meteram numa prisão
Sob o jugo do grilhão
Um moinho ele girava
Na terra dos filisteus
Esse povo referido
Por Sansão estar detido
Contente, comemorava

E nesse clima de festa
O templo estava lotado
Sansão ali é chamado
Pra que fosse escarnecido
Além de todos os príncipes
Três mil pessoas havia
Esbanjavam alegria
Pelo oponente vencido

Encostado nos pilares
Que davam sustentação
Para aquela construção
Sansão implora ao Divino:
"Senhor, só por esta vez
Minha força restitua
Meu espírito possua
Vou selar o meu destino"

"Desejo vingança, Pai
Pelos olhos extraídos
Meus braços fortalecidos
Quero ter por um momento"
Abraça bem as colunas
Tomado pela revolta
Forçando as duas só solta
Após o desabamento

Os presentes no local
Morreram sob as ruínas
Cumpriram as suas sinas
Naquele evento aflitivo
Por ocasião da morte
De Sansão, grande Juiz
Assim, a bíblia nos diz:
"Matou mais que quando vivo"


FIM



___________________________

Adaptação baseada em JUÍZES 13 - 16

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